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Escrever é viver.
por Delasnieve Daspet.
“Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa” - Émile Zola
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O escritor é um indivíduo, essencialmente, solitário que dedica o seu tempo às letras. Através delas ele se liberta. Liberta a sua mente, seus pensamentos sem quaisquer limites.
Não se pode esperar que ele seja o salvador do mundo porque ele não o é. Entretanto, como é um formador de opinião, o escritor carrega em si essa possibilidade.
É através do escritor que se viaja infinitamente e, não raro formarmos o nosso pensar.
Eu lia desde muito pequena. Li e reli a pequena e perfeita biblioteca de meu pai, e, a minha sede aumentava. Hoje, praticamente vivo para a literatura, - mas não dela. Procuro dividir essa paixão com as crianças de todas as idades. Elas precisam se apaixonar pela leitura, pela literatura, pela cultura. Somente, assim, conhecerão o mundo, os seus direitos, os seus deveres. Saberão cumprir e exigir.
Todas essas situações de vida são desenvolvidos pela leitura, por um bom autor, escritor ou poeta. Eles, com seus textos, emocionam com o emprego conotativo ou metafórico de palavras livres e que traduzem o pensar de cada um.
Eu me comunico com meu leitor através da poesia que, sem dúvida, é o meio mais antigo de forma literária. Organizo meu pensar em versos, harmônicos e semânticos, levando a todos meus sonhos, criticas e valores. É um falar mais íntimo com quem nos lê.
Cumpro, assim, o meu papel que é o de escrever. Não vim para libertar ninguém, nem redimir quem quer que seja. Não solucionarei nenhum tipo de problema político ou social. Não sou uma missionária, sou uma poeta.
Uma poeta que coloca em versos a indignação, o silêncio, o grito, a opressão, as bandalheiras, o medo, a covardia, as desigualdades, a ignorância, a falta de cultura, de educação, de saúde, de segurança, a busca pela paz, pela solidariedade, do amor, do respeito e da fraternidade.
De manhã, com o raiar dia, vivo a vida como tem de ser... Mas na negritude da noite me entrego a dor de parir e construir cada poesia que sirvo em bandeja, ao leitor, que a consumirá ou não.
Empunho minha bic, como uma lança, e, sigo atrás dos meus moinhos, quixotescamente. Até hoje escrevo primeiro em cadernos, agendas, onde risco, rabisco, mudo, alterno, troco, jogo fora como uma bola, vou lá, desamasso, guardo para outra hora, quem sabe, melhorar a dor do poemar.
Sou uma escritora, sou uma poeta, e, me entrego a esse mister com dedicação e disciplina. Sou habitada por personagens, imagens, fantasias, aventuras, sonhos e por palavras já ditas e as que estão para serem escritas.
Na verdade, sou artesã, uma escultora de palavras , reproduzo o irreproduzível.
Então, dia 25 de julho, é o dia do escritor... não preciso ganhar nada, ganho todos os dias, pois através da poesia, meus pensamentos, meus sonhos, meus cantares tem vida própria, Depende de cada pessoa, dos sentimentos, de cada um que a sente e a distribui. Independe de técnica. Somente de palavras.
Me orgulha saber que, como poeta, chego aos leitores como um gesto, uma flor, um lufada de vento, arrulhar, nuvem, tempestade, por de sol, olhos úmidos, saudades, carinho e até mesmo ódio. A amizade é poesia. A traição dá um poema torto. O amigo cachorro é um poema quebrado, sem vida, amargo, uma poesia que nasce doente.
A vida, pois, é poesia. Escrever é viver!
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Delasnieve Daspet - 20.07.2013
Presidente do Conselho de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul - Presidente da Associação Internacional Poetas del Mundo. Embaixadora Universal da Paz. - daspet@uol.com.br
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