domingo, maio 31, 2009






MEDO


Delasnieve Daspet



Tenho medo
Não disse o que deveria
E o não dito me encolhe
Me deixa insegura.
Sinto um suor gelado
Do medo rastejando em minha pele.

Nao consigo me reencontrar.
Ando insegura.
Devagar.
Esquecendo.
Confundindo.
O não saber,
O desconhecido é quem me tolhe o movimento.

Preciso centralizar as emoções.
Os sentimentos.
A fera que sou.
Sair deste silencio brando da morte!

Vou sufocar o grito.
Limpar a garganta seca.
Arrancar a roupa,
Correr pela floresta,
E voltar.

Voltar.
Trazer em meus braços os sonhos.
Ouvir no silêncio.
Me fazer rio.
Inundar devagar.
Naufragar.
Sobreviver.

Vou olhar a nuvem pela janela.
Correr com ela.
Não vou morrer em vida.
Não vou mais esconder
A lágrima
No vidro vazio.
DD_08-09-2001 23 hs - Campo Grande MS


quarta-feira, maio 27, 2009








Minhas Mãos.



Delasnieve Daspet


Tentei ser pura como a água cristalina.
Suave como a brisa matutina.
Doce como a fragância da rosa.
Manhosa como o regato que corre na montanha.

Mas noto - agora - com o passar do tempo
Uma mudança na rotina de meus gestos.
Só me dei conta ao lavar as mãos....

Minhas mãos!...
Tão rápidas. Tão ágeis.
Com longas unhas vermelhas,
Em flagrante contrate com a pele morena.

Todos os meus dedos mudaram.
Ficaram ousados.
Me perseguem. Chegam primeiro do que eu
Nos lugares. Me desafiam
Com notável desenvoltura!

Minhas mãos estão demasiadamente sensuais.
Talvez fosse por isso que por anos
As mantive com unhas curtas, cativa da tesoura.
Agora, longas e vermelhas, são lascivas!

Tem vida própria.
São marginais de mim.
Marcas do pecado. Da hipocrisia.
Já não as reconheço.
Tão notáveis estão
As minhas mãos!
DD_24,00 hs - 03-07-2002 - Campo Grande MS

segunda-feira, maio 18, 2009





UM NOME.

Delasnieve Daspet

Perguntas um nome.
O que importa um nome?
Maria. Joana. Tereza. Luiza.
Graça, Severina, Chiquinha
Ou mesmo Delasnieve?
Aonde um nome levará?
Isso não importa!
Meu nome é Mulher!

Da janela da vida
Desnudo a carne,
Abro a veia de sangue.

E pingo. Pingas.
Gota a gota uma vida
Ao lado de indiferentes
Montanhas de rotinas e esperas!

Existe apenas um nome,
Com desgastes do corpo,
Das ilusões.
A certeza da vida que passa,
Dura e irônica,
Que não detém a corrente do tempo.
Apenas um nome que identifica:
Mulher!

De grão em grão, um a um,
O amor passa na existência,
Se vão amantes, maridos e filhos.
E no final, ficam andando sem rumo,
Vazias, sem vento,
Como resto de uma bola!

Um nome. Um sonho.
Fetiches do passado,
Guardados n'alma
Um brilho longínquo no olhar.
Um nome....que nome?
Somos todas iguais.

Mulher - deixa de ilusões.
Vista tua burca e olhe pela treliça,
- Burca de lembranças, -
De lembranças em lembranças,
Ao delírio - até a última entrega!

Um nome.
Metáfora de mulher.
Vidas esfareladas,
Sonhos desfeitos.
Duras como pedras, secas de vida,
Cheias de amor.
DD-21-06-2002 -Campo Grande MS

terça-feira, maio 05, 2009

PARA O DIA DAS MÃES




Being a woman
Delasnieve Daspet




On a common planet
Living among the other beings
the woman who accepts to be a woman,
accepting the way she is.
This woman creates life.
This woman is a mother!



But, to create life is too little!
You’re supposed to generate and assume it
Generate and bring up, generate for love,
Generate on wealth and on poverty,
You’re supposed to give love and to be The Love!



This woman is the one I honor.
This one who is always brave,
Mother, who shows all the love she can feel
And all the love she can be.



I honor this being-mother,
Who always has a happy smile on her face
Who always shows happiness on her eyes
in a way that always makes sense on life


I think about you, woman, with a tremendous gratitude
If am here, honoring you, is because
you loved me, you generated me,
you give me my life.
But, above all, you accepted to be a woman

tradução interpretativa de Cleusa Bechelani


Ser-Mulher!
Delasnieve Daspet


Num planeta comum
convivendo entre todos os seres
a mulher que se aceita mulher,
cultivando os traços próprios,
gera vida. É mãe!

Mas só gerar vida - não adianta!
Tem de gerar e assumir,
gerar e educar, gerar por amor,
gerar na riqueza e na pobreza,
dar e ser amor!

É essa a mulher que reverencio.
Essa que não se acovarda,
mãe, que trasmite ao ser que cria,
no carinho e atenção possiveis,
todo o amor que, ainda, pode ser.

Reverencio esse ser-mulher,
que não deixa faltar um sorriso feliz,
um olhar alegre que dá sentido a vida.

Penso em ti, mulher, com enorme
gratidão, pois se estou aqui,
te reverenciando, é porque me amastes,
me gerastes, me destes vida,
assumistes ser mulher!
DD_11-05-04
Campo Grande MS